Aula sobre Cordel: Plano de Aula.

Tema: Literatura de Cordel


Objetivo da Aula:

  • Compreender o conceito de literatura de cordel, suas características, importância cultural e os principais autores.
  • Desenvolver a capacidade de análise e apreciação da forma e conteúdo dos cordéis.

1. Introdução à Literatura de Cordel

A literatura de cordel é uma manifestação cultural e literária tradicionalmente popular no Nordeste do Brasil. Ela se caracteriza por narrativas em versos rimados, impressos em folhetos que são vendidos em feiras, mercados e praças públicas. Esses folhetos são conhecidos como “cordéis” porque, tradicionalmente, eram expostos pendurados em cordas ou cordéis para venda.


2. Origem e História do Cordel

A literatura de cordel tem suas raízes na tradição oral europeia, especialmente em Portugal e na Espanha, onde histórias e canções populares eram transmitidas de geração em geração. Com a chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil, essa tradição foi trazida e se adaptou ao contexto cultural e social do Nordeste brasileiro.

Inicialmente, os cordéis eram transmitidos oralmente. Com o tempo, passaram a ser impressos e distribuídos em forma de folhetos. No Brasil, o cordel se popularizou principalmente a partir do século XIX, servindo tanto como entretenimento quanto como meio de transmissão de conhecimento e cultura popular.

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3. Características da Literatura de Cordel

A literatura de cordel possui características específicas que a distinguem de outras formas literárias:

  • Versificação: Os cordéis são escritos em versos, frequentemente em sextilhas (estrofes de seis versos), mas também podem ser escritos em outras formas métricas como septilhas (sete versos) e décimas (dez versos).
  • Rima e Métrica: Os versos dos cordéis geralmente seguem um esquema de rima regular, como ABABCC, e uma métrica rígida, o que confere musicalidade e ritmo ao texto.
  • Temática Variada: Os temas abordados nos cordéis são amplos e diversos, incluindo histórias de heróis populares, relatos de acontecimentos históricos, contos folclóricos, narrativas religiosas, sátiras políticas, e questões sociais.
  • Linguagem Simples e Direta: A linguagem usada nos cordéis é acessível, direta e frequentemente incorpora expressões regionais, o que facilita a compreensão e a identificação do público.
  • Ilustrações: Os folhetos de cordel costumam ser ilustrados com xilogravuras (gravuras feitas em madeira), que complementam e enriquecem o conteúdo narrativo.
  • Narrativa Oral: O cordel é, muitas vezes, lido ou declamado em voz alta, preservando sua ligação com a tradição oral. As feiras e festas populares são espaços comuns onde essas leituras acontecem.

4. Importância Cultural do Cordel

A literatura de cordel é uma das formas mais significativas de expressão cultural do Nordeste brasileiro. Ela desempenha um papel crucial na preservação e divulgação da cultura popular, das tradições e da história da região.

Além disso, o cordel tem uma função social importante ao abordar temas políticos, sociais e religiosos, oferecendo uma forma de crítica e reflexão acessível à população. Por ser uma literatura do povo e para o povo, o cordel desempenha também um papel educativo, transmitindo conhecimento e valores.

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5. Principais Autores de Cordel

Vários poetas, conhecidos como cordelistas, se destacaram na história da literatura de cordel. Alguns dos mais importantes incluem:

  • Leandro Gomes de Barros (1865-1918): Considerado o pioneiro da literatura de cordel no Brasil, Leandro Gomes de Barros escreveu mais de mil folhetos e é uma das figuras mais influentes desse gênero. Suas obras abordam desde temas religiosos até sátiras políticas.
  • João Martins de Athayde (1880-1959): Outro grande nome do cordel, João Martins de Athayde foi não apenas um poeta, mas também editor, publicando muitos dos cordéis de outros autores.
  • Patativa do Assaré (1909-2002): Patativa do Assaré é um dos poetas populares mais reconhecidos do Brasil. Embora sua obra não se restrinja ao cordel, muitos de seus poemas e canções seguem a tradição do verso popular.
  • Ariano Suassuna (1927-2014): Embora seja mais conhecido como dramaturgo e romancista, Ariano Suassuna foi um grande defensor da cultura nordestina e do cordel. Sua obra, como “O Auto da Compadecida”, é fortemente influenciada pela estrutura e temática do cordel.

6. Exemplos de Cordéis Famosos

  • “O Pavão Misterioso” de José Camelo de Melo Rezende: Um dos cordéis mais populares e lidos no Brasil, que narra a história de amor entre um príncipe e uma princesa, utilizando um pavão mecânico para resgatar a amada.
  • “A Chegada de Lampião no Inferno” de José Pacheco: Esse cordel aborda a figura mítica de Lampião, o famoso cangaceiro, em uma narrativa humorística sobre sua chegada ao inferno.

7. Atividades Sugeridas

  1. Leitura e Análise de Cordéis: Escolha alguns folhetos de cordel para leitura em sala de aula. Peça aos alunos que analisem a estrutura, o esquema de rima, o uso da métrica e os temas abordados.
  2. Produção de um Cordel: Proponha aos alunos a criação de um cordel sobre um tema atual ou de interesse deles. Incentive o uso de rimas, métrica e xilogravuras para ilustrar o trabalho.
  3. Apresentação Oral: Organize uma sessão de declamação de cordéis, onde os alunos possam ler em voz alta suas produções ou cordéis já existentes, praticando a tradição oral da literatura de cordel.

8. Conclusão

A literatura de cordel é uma manifestação rica e vibrante da cultura popular nordestina, que continua a influenciar e a ser valorizada em todo o Brasil. Ela nos ensina a importância de valorizar nossas tradições, expressando através da simplicidade dos versos, temas complexos e universais. Ao explorar o cordel, os alunos não apenas aprendem sobre literatura, mas também sobre história, cultura e a riqueza da diversidade brasileira.


Referências:

  • Abreu, Márcia. “Leitura, leitor e a literatura de cordel.” São Paulo: UNESP, 1999.
  • Brito, M. A. “Literatura de cordel: a voz do povo nordestino.” Recife: EDUFRPE, 2008.

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